Que exercícios fazemos para lembrar? A ação convida o público para, a partir da repetição do desenho e da escrita, realizar uma brincadeira semelhante ao telefone sem fio. A cópia é sempre fiel ou é uma interpretação? Ou se modifica? Inspirada no “Poema enterrado” de Ferreira Gullar, começa no térreo do pavilhão de exposições, subindo pelas escadas.

Sinopse da ação educativa Rejuvenesça

 

Ao chegarmos à exposição Turvações estratigráficas (no andar térreo do museu) montamos uma base, onde ao menos um educador estaria para dialogar com possíveis visitantes interessados na ação. A base consistiu de tapetes azuis dispostos no chão e foi donde o Rejuvenesça começou. Colamos então, fazendo um caminho pelo chão, as cópias resultantes desta palavra. Esse caminho de cópias subiu as escadas do museu e terminou, por falta de papel, no terceiro andar do pavilhão de exposições. Para este deslocamento usamos um educador como “homem-sanduíche” usando placas vermelhas de pequeno porte, que foram utilizadas como suporte para os participantes escreverem

Excerto do relatório entregue à Gerência de Educação pelo GT Vontade Construtiva

 

Ao longo deste livro estão espalhados registros, como o da página ao lado, da atividade Rejuvenesça. Ela se inicia a partir da escrita da palavra “Rejuvenesça” numa folha de papel e, em seguida, como num jogo de telefone sem fio, a próxima pessoa a colaborar copia a palavra em outra folha. Um próximo participante copia a cópia, sendo neste procedimento de sucessivas cópias da cópia da cópia que se busca a dissolução da palavra, até que esta se transforme em imagem. Já que o resultado é o esvaziamento, outras palavras, como “Paralelepípedo”, também podem ser o ponto de partida. Rejuvenesça é uma atividade inspirada no Poema enterrado (1960), de Ferreira Gullar. A ideia do manuseio do poema em Gullar começa com a publicação de um poema concreto que só funcionaria com a leitura seguida da palavra “verde”, que se repetiria até explodir na palavra “erva”. Só que o leitor, ao perceber a repetição, não fazia a leitura necessária para realizar o poema. Isso levou Gullar a construir um livro-poema, escrito palavra a palavra, e a impulsionar o poema cada vez mais para sua dimensão espacial. O projeto do Poema enterrado foi publicado no Suplemento Dominical do Jornal do Brasil e, em seguida, construído com Hélio Oiticica, numa sala de 2 metros quadrados, no fundo do chão. Ao descer as escadas e abrir a porta do poema, via-se no centro da sala um cubo vermelho. Dentro dele, um cubo verde e, dentro deste, um cubo branco em que estava escrita a palavra “Rejuvenesça”.

Retirei do início do livro: Escola do Olhar: práticas educativas do Museu de Arte do Rio 2013-2015. Rio de Janeiro: Instituto Odeon. 2016

 

Realização da ação educativa Rejuvenesça no Museu de Arte do Rio pelo GT Vontade Construtiva, também composto por Aline Besouro, Clarissa Godoy, Igor Vidor e Pollyana Quintella | 2013