Sublinharei à lápis trechos que escolherei em todas as impressões de uma revista em que fui convidado a intervir.
Temi, num primeiro momento, realizar isto. Me parecia que deveria somente escrever daqui pra frente, dedicar-me aos escritos reflexivos sobre minha prática. Percebi, contudo, que ignorar uma prática e pôr essa escrita em primeiro plano a faria perder seu caráter e tudo que me interessava nela – sua qualidade intervalar, sua possibilidade de expressar crise e fiasco, seu aspecto de coxia -, transmutando-a em obra; não mais continente e conteúdo.
Sei do que preciso. Preciso não mudar o mundo. Fazer coisas que, ainda que não existam, sejam invisíveis ou sumam, sejam coisas. Ainda creio nesse sublinhar, ainda que em algum dia desses tenha pensado que aceitar convites públicos, e que me dedicam à esfera pública, rivalizam com essa vontade citada. Bobagem. Não há público tão eficiente que dê conta de ver o que faço. Não há privado tão privado que exclua a possibilidade duma pessoa desconhecida e indesejada nele.
Sigo. E você não vai ver tudo.