“Oi, ZoNa,

Gostaria de comunicar que não estarei mais presente durante a residência, nem durante a exposição aberta ao público. Ao escrever minha chamada aos artistas na parede do galpão e participar da reunião com vocês, me dei conta, aos poucos, que não deveria estar presente no És Uma Maluca enquanto espaço expositivo que me proponho, mas sim estar em qualquer outro lugar que não aí; expandir a possibilidade de atuação para além muros, ampliar o debate que está acontecendo por aí para os outros setores da minha vida. Sim, isso é uma deliberação exclusiva minha, porque, enquanto espaço expositivo aberto a propostas, tenho interesses a defender. E o mais premente deles, neste momento, é o de afirmar nossos corpos, periferidades, fragilidades e psiques como lugares de realização artística tão potenciais quanto qualquer espaço de exposições – experimental, como o És, ou não -. Por isso, me coloco aqui como espaço autônomo e alternativo ao ZoNa.

Logo, estou aberto ao diálogo. Meu e-mail está escrito na parede. E, se disse que pretendo mais negar as propostas que receber do que as acolher irrestritamente quando estive com vocês, é para ratificar o diálogo – isto é, o ato de investigarmo-nos em nossa completude – como o produto que privilegio, em detrimento de ser como uma tela em branco a ser preenchida. Não sou um meio expressivo neutro, nem uma galeria cubo branco. Espero que eu, problemático como me apresento, ainda assim seja de interesse.

Um grande abraço, desculpem não ter manifestado o conteúdo desta carta em reunião (só pude desenvolver esta fala a partir de nosso encontro) e obrigado pela convivência,