Diego Lopes Xavier <diegolxavier@yahoo.com.br>  9 de maio de 2017 16:13
Para: Bruna Camargos <bruna.camargos@museudeartedorio.org.br>, “Jandir Jr.” <jandir.s.junior@gmail.com>, Priscilla Gabrielle <pri.vyper@gmail.com>, Jade Helena Da Silva <jadehelena.s@gmail.com>, Geancarlos Barbosa <geancarlosnbarbosa@gmail.com>

Como não vamos mais ter nossas rodas de histórias semanais, escrevo, por aqui mesmo, uma que escutei por aí.

Nas minhas andanças, esbarrei com muitas pessoas que ouviram dizer que no dia do sol seres mágicos, vindos de mundos distintos, se reuniram num grande e caudaloso mar do delírio. Me disseram que este mar era a morada de um sábio que sempre levava consigo uma manta branca infinita e que ele tinha muitos nomes, mas era mais conhecido como Jandir. Alguns diziam que este sábio havia feito daquele mar sua casa há muito tempo, mas que havia nascido lá pelas bandas do Uruguai – que não sei onde fica.
O que importa é que este sábio só era sábio porque queria conhecer as histórias de todos os mundos, embora já conhecesse um monte delas. E foi por isso que ele havia convocado todos aqueles seres para visitar seu mar-morada. Como era impossível ouvir a todos ao mesmo tempo, ele teve a ideia de pedir àquelas criaturas sagradas que construíssem embarcações típicas de seus mundos. Porque sabia o sábio que o mar e as embarcações são lugares que guardam muitas histórias, são como baús dessas narrativas. Foi um desafio muito grande praqueles seres estrangeiros construírem as embarcações com os materiais que o sábio havia disponibilizado – eram materiais nada convencionais para a navegação -, mas ao fim de um período que pareceu voar como um pássaro de asas muito largas, o mar do delírio ficou repleto de embarcações.
Foi ali que se conheceu a história de Santiago, do mundo dos meninos de 13 anos. Sua embarcação tinha um casco e um mastro, mas também tinha nuvens por dentro, que permitia uma fuga pelos céus. Se viu também a embarcação do mundo dos triângulos, porque lá todo mundo gostava e se inspirava na forma dos triângulos. A criatura do mundo das filhas de marinheiros também esteve presente com sua embarcação transparente para que seus pais pudessem ver o mar enquanto trabalhavam. O guardião das mudanças, que tem um nome tão esquisito que preferi chamar de Gustavo, levou seu barco que tinha uma corda e uma pedra bem pesada. A pedra deixava o barco tão lento quanto as mudanças que carregava e a corda fora uma tentativa de alguém por orientar essas mudanças, mas de tanto tentar puxar, acabou arrebentada em vários pontos: por isso essa corda tinha um monte de nós, marcas das tentativas e fracassos de orientar as transformações. Enfim, naquele dia muitas histórias foram contadas.
O mar do delírio passou a ficar lotado de embarcações e histórias e já não é mais possível navegar por ali sem esbarrar nas narrativas que ficam circulando. Desde então, o mar do delírio passou a ser conhecido também por outro nome: mar do encontro.