2 de novembro de 2017
Celio
E ai Jambaia?
Tá tudo bem?
Jandir
A gnt tá aq no hospital de bonsucesso. Meu pai tá c a voz fraca, mas tá fora de risco. Talvez n seja um problema cardíaco. Mas estamos esperando o exame sair. Ele tá numa cadeira de rodas no corredor do hospital, c um monte de gente
Celio
Nossa cara
Qu tenso
Mas que bom que está fora de risco
Vai dar tudo certo
Manda notícias
Se precisar de algo fala
Jandir
Tamo em casa já. Com prei os remédios, tamo cuidando dele, mas acho q vai ficar tudo bem
Valeu mesmo celio
Muito!
3 de novembro de 2017
Celio
Ah que bom! Ainda bem que não precisou ficar no hospital. Tô mandando energia para vocês! Vai dar tudo certo. Qualquer coisa avisa! Abs
(…)
E ai jambaia?
Como estão as coisas?
Jandir
Po, ele ainda ta sentindo dor
Vomitando um monte
4 de novembro de 2017
Celio
Nossa, cara
Que tenso
Mas ele está tomando os remédios?
Vocês pensam em levá-lo ao médico de novo?
Jandir
Sim! Ele está. E isso pode ser uma reação da medicação. Daí estamos esperando, ele deve melhorar
Celio
Ah tá
Vai dar certo
Tô jogando pro universo
5 de novembro de 2017
Celio
E ai jambaia?
Como está tudo?
Melhorando?
Jandir
Po cara. Nao está ele tá sentindo muitas dores e temos q ajudar ele até a se levantar
Celio
Nossa
Jandir
Vamos amanhã num médico homeopata
Celio
Homeopata? Pq?
Jandir
Pq os medicamentos não estão funcionando
Os q o hospital receitou
Celio
Caramba cara
Que uó
Mas vamos manter a positividade
Jandir
Pois é! Eu to mantendo aqui. Acredito q reduzindo a alimentação dele para frutas e crus (o q começamos a fazer hoje à tarde) e indo no médico amanhã as coisas vão melhorar nele
Celio
Ah que bom
Cara
E olha como são as coisas do universo
Hoje eu vou lançar seu vídeo sobre veganismo
Acho que ficou bem legal a edição
E você fala sobre isso
Sobre a alimentação
Jandir
Uau!!!
Caramba cara… Quero muito salvar meu pai pela alimentação
Q bom q ce vai lançar… Q loucura
Celio
Caraca, que coisa louca
E eu não ia lançar
Eu comecei a editar o vídeo segunda passada
Kkkk
Jandir
Kkkkk
Celio
Porque eu estava depressivo e não tava conseguindo editar
Mas finalmente terminei
E cara, você falou muito disso
Jandir
Po, q bom q ce fez isso… Eu lembro da gente muito nesse assunto. Foda
Fiquei muito depressivo esses dias tb. Mas to tirando forças n sei daonde agora p me manter bem
Celio
Caraca, imagino
Po, é incrível que a gente tira forças de lugares inimagináveis
É muito bizarra a força do ser humano
Mas que bom que você está conseguindo
24.11.2017
Houve uma história de família que escutei da minha mãe e de meu irmão mais velho enquanto estávamos no corredor do hospital, dias antes do falecimento de meu pai. Era a de que ele entrou em pré-coma quando era jovem, por conta de sua glicose ter se elevado muito, e pela primeira vez. Ele ainda não era diabético, mas naquele momento poderia se tornar, ou coisa pior poderia acontecer. Foi quando foi internado em um hospital, e os médicos avisaram a ele e minha mãe de que precisariam retirar uma parte pequena de seu fígado para autópsia no caso do índice glicêmico não diminuir. Ambos, apavorados, desejavam escapar desse método invasivo, e minha mãe então desceu do ônibus na volta do hospital e entrou numa loja que vendia ervas. Sem saber absolutamente nada sobre elas,
lá perguntou ao vendedor sobre um catálogo em que poderia ler sobre as aplicações de cada planta, no que foi prontamente atendida, escolheu três, das quais me lembro ela mencionar somente a carqueja e pedra ume caá. Preparou à noite uma garrafa bem grande dum chá dessas plantas, carregou-a escondida em sua bolsa no outro dia de visitação no hospital e deixou escondida na mesa do leito do meu pai, recomendando-o a beber dela no mínimo duas vezes, pela manhã e após o jantar. No primeiro dia, meu pai suou muito, e seus colegas de enfermaria gritavam por assistência, pensando que ele estava tendo um colapso. Os outros dias foram calmos, dele consumindo o chá e não tendo mais efeitos violentos no corpo. Após um pouco mais de um mês, após um exame de glicemia, a surpresa da equipe médica: a glicose normalizada. Meu pai voltou para casa com a recomendação de sair da obesidade para evitar o retorno de seu quadro clínico. A família – então ele, meu irmão e nossa mãe – aderiu a uma nova dieta, em que consumiam grandes quantidades de saladas, agrião, folhas em geral, e duas colheres de arroz e feijão, no máximo. Deixaram dez quilos para trás em pouco tempo, e meu pai só chegou à diabetes muitos anos depois, quando seus hábitos se tornaram tóxicos progressivamente, envoltos em drogas e litros de refrigerante só pra ele, no gargalo.
Eis mais uma comprovação reconfortante para mim de que isso tudo que nos apresentam hoje como descobertas novas, ou enevoadas, arqueológicas, escritas em livros que carregam em seus nomes siglas do inglês, anglicismos, e que remontam sempre a um passado ancestral distantíssimo, vivo somente nas outras culturas não-industriais, é na verdade patrimônio popular desde sempre, e está em nossas feiras, do Acari ao Ver-o-Peso, e em nossas casas, em nossos pais.