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Foi no ano passado que estive sentado num dos bancos da Cinelândia. Aguardava Aline, e no chão residia uma lasca arbórea que não chegava a ser do tamanho do meu mindinho mas, ao seu lado, uma peça pequenina de metal enferrujado lhe fazia maior. Encaixadas, suas cores se faziam as mesmas, se faziam sincrônicas em seu enlace. Admirava algo de sua junção, e a deixei – agora uma só – no braço do banco que eu ocupava, o único pedestal possível a que outra pessoa fizesse uso de sua coincidência.

Aline sentou e deteve o olhar no braço do banco por algum momento. Só via sua nuca, mas seu rosto voltado se voltou a mim após pouco, reluzente e determinado em deter minha atenção em sua mão, que carregava aquela manufatura que não chegava a ser do tamanho dos nossos mindinhos, descoberta minuciosa de uma coisa que alguém fez e que estava abandonada num canto qualquer da Cinelândia, e que fui eu mesmo que fiz, mas que Aline não sabia e que eu mesmo teria esquecido se não fosse ela a ver aquilo se erguer como monumento lançando sua sombra sobre nós.

(a cordinha roxa foi amarrada depois)