Estava guardando minha marmita quando ela caiu e quebrou. Uma marmita de vidro. Saí de casa com muita raiva por ter que gastar dinheiro com um almoço na rua e outra marmita de vidro. E no ônibus, sentado, movimentei de modo suave meu dedão e senti a tira do meu chinelo ceder num estalo seco, como estilhaça. Bem antes de descer do carro deixei esse chinelo onde rompeu, e andei descalço ainda por um bom período até comprar o par de sandálias com que entrei no museu para retira-las e pôr os tênis fechados que me exigem calçar e trabalhar. E agora me descalcei em meu período de trabalho, sem autorização prévia, mais essa vez. Eu já vejo trincado em seus emborrachados que até então julgava novos.