De: jandir.jr@museudeartedorio.org.br
9:20h
Assunto: Descanso.
Declaro perante os presentes que não serei proativo. Que não foi o meu desejo quem assinou minha carteira de trabalho. Foi meu pulso, minha mão. É meu corpo quem age ao trabalhar, sempre foi assim. Um corpo oco de sentido, orientado pela sinhá. De um homem preguiçoso, escravizado, tadinho, mas preguiçoso. Acusável sempre. Terá mérito? Terá maturidade? Uma criança menino, italiano, trabalhando, os pés sangrando na fábrica. Infância é coisa nova. Nunca foram infantis. As chaves travando engrenagens. Sabotagens, colaborador que para – vê? Eu não sei ser proativo. Só o instagram para fazer o desejo trabalhar, e o preço que se paga: o de, um dia, não querermos mais você, instagram. Só nossa vontade como contrato de trabalho quando a proatividade é essencial. Eu não quero ser proativo. Coagido sei ser. Não os dois ao mesmo tempo. Ter medo das câmeras. Medo das assinaturas. Medo de classe. Grilhões nos pés. Banzo e pobres não são o mesmo, mas juntamos aqui. Precarizando dor. Shoá coube numas carteiras assinadas. Um peso estrutural cabe aos subservientes. O patrão não sabe resolver a merda feita. O colonizador deus pior Dois pontos. Ainda precisamos que alguém resolva isso para nós, limpem nossas bundas, requentem o feijão, eles dizem. Dólas nas mãos. Nada nas nossas. Estamos chegando lá, mais um pouco… só mais um pouco de postura, desejo, autocrítica, de um sorriso, sobretudo das ideias que eles nunca poderão ter, porque precisam da ajuda de deus, não das nossas. E somos mais inocentes que eles. Não fazemos ideia. É por isso… eu nunca serei eles. Eu não serei ser proativo. Não rio de dezembro. 14 de dezembro, dois mil e dezoito, Junior. Não.